Vargas e a “República Velha”

Vargas

A chamada Era Vargas não cai bastante no ENEM e vestibulares por todo o país sem motivos. As mudanças no contexto político, econômico e social que o Brasil passou nas décadas de 1930 e 1940 foram fundamentais para a construção de um Estado nacional mais complexo. Por isso, é importante relembrar o processo de ruptura com os anos inciais republicanos que o governo de Vargas representou.

Vargas

Contexto político de ascensão

A quebra do chamado “pacto café com leite” com a candidatura de Júlio Prestes por São Paulo que desagradou a oligarquia mineira fez com que Minas Gerais apoiasse as chamadas “Oligarquias dissidentes” – formadas principalmente por PB, MG e RS. No entanto, essa arquitetura política não foi a causa suficiente para levar ao golpe varguista que tomaria o poder em 1930.

O crescente descontentamento de camadas médias urbanas com o sistema republicano, que vinha privilegiando oligarquias rurais, encontrava no Tenentismo um projeto político a se ancorar na década de 1920. A defesa por uma República centralista e industrialista fazia parte dos desejos desses integrantes do movimento, que já tinham demonstrado seu poder de adesão com as campanhas da Coluna Prestes e Os 18 do Forte de Copacabana.

Contexto econômico de ascensão

A conjuntura política pela qual o Brasil passava na década de 1920 somou-se a um evento na história mundial que afetou todas as economias capitalistas mundiais: a crise de 1929. No Brasil, a instabilidade não fugiu à crise. “Façamos a Revolução antes que o povo a faça”, teria dito supostamente Getúlio Vargas.

A crise instabilizava e o sistema oligárquico republicano, segundo os apoiadores de Vargas, não conseguia driblar as terríveis consequências que 1929 trazia para a economia nacional. O preço do café – principal produto nacional à época – e a geração de cada vez mais estoques atingiam como uma faca no coração da economia brasileira.

O golpe travestido de Revolução

Some tudo isso até aqui exposto com a derrota de Getúlio Vargas nas eleições. Claramente, a situação não iria ficar barata com todo aquele fervor político do final da década de 1920. Mas mesmo assim, precisaria-se de um estopim para legitimar a tomada do poder. O assassinato de João Pessoa, vice de Vargas, em 1930 foi apropriado pelo discurso revolucionário como uma causa incontornável de uma suposta revolução.

Por que então golpe, e não Revolução de 1930 como dizia os próprios integrantes do movimento? Vargas se utilizou dos mesmos mecanismos do coronelismo e do apoio das oligarquias rurais para alcançar o poder, sufocou movimentos populares que também o visavam. A leitura de “Revolução” buscava legitimar o movimento em termos de rompimento com a legislação.

O termo “República Velha”

Muitos livros didáticos atuais costumam chamar os anos iniciais da República brasileira como “República Velha”, porém essa denominação denota um juízo de valor muito prejudicial para o entendimento do período. O apelido foi criado pelos próprios “revolucionários de 1930” para buscar legitimar a emergência de um suposto “governo novo” em contraposição a um “governo velho”.

A História como uma ciência no campo das Humanas visa sempre obter ao máximo uma visão de análise externa ao próprio processo histórico. Isso significa que adotar certos discursos de personagens históricos pode interferir em um entendimento imparcial do momento em análise.

Continue acompanhando nossas dicas, clicando aqui!

Compartilhar

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp