Samba e a cultura de resistência

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Uma das principais marcas do Carnaval brasileiro é sem dúvida nenhuma o samba. O ritmo que faz parte da cultura popular brasileira nos ensina muito mais do que apenas um estilo musical. A trajetória e raízes do ritmo dizem muito sobre a resistência da cultura de camadas subalternas urbanas brasileiras.

O samba ganha formas na Bahia. A mistura de batuques de escravizados com ritmos indígenas gerou um novo gênero musical que não era bem vistos pelas elites escravistas do século XIX. Na virada para o século XX, já em contexto de pós-abolição, a tradição do estilo musical viaja para a capital do país, Rio de Janeiro, e vira marca cultural dos cortiços urbanos da cidade.

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A figura de Tia Ciata sintetiza muito bem a história do samba. Considerada uma das mães do gênero musical, Tia Ciata nasce na Bahia e migra para o Rio de Janeiro já adulta. Iniciada no Candomblé, ela era uma das responsáveis pela sobrevivência do samba. Marcava rodas com amigos para dançar e comemorar, muitas vezes reprimidas pelo poder de polícia republicano.

A prática de ir para a casa da mãe de santo Tia Ciata, pedir benção aos orixás e depois terminar o dia em uma roda de samba virava uma rotina bem simbólica da resistência cultural das camadas mais marginalizadas do projeto republicano que se impunha aos populares. Foi a partir dessas reuniões entre amigos que o primeiro samba gravado da história surgiu: Pelo Telefone (1916).

O samba era uma via de comunicação com as culturas de origem africana. A partir de então, por vezes mais marginalizado, por vezes menos, o ritmo continuou conquistando novos gingados. No entanto, nunca deixou de ser uma marca da resistência popular brasileira.

Ainda hoje em dia, conseguimos escutar diversos sambas atuais que ressaltam esse perfil de resistência cultural. Ao se tornar marca da maior festa brasileira, o Carnaval, o samba por mais que tenha ganhado novas dimensões, não abandonou suas raízes populares: a dos batuques!

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