O que o Nazismo tem em comum com Harry Potter e Senhor dos Anéis?

Uma política de governo discriminatória utiliza-se como base legitimadora os meios propagandísticos para desenvolver um discurso de ódio contra certos grupos minoritários. Essa característica é observada diversas vezes em momentos e países diferentes durante a história mundial. Normalmente, esses aspectos são mais facilmente encontrados em regimes de exceção, ou seja, em cenários políticos que não respeitam as instituições democráticas.

O Nazismo de Adolf Hitler apoiou-se em um discurso de ódio antissemita para legitimar perseguições e censuras à comunidade judaica. As propagandas nazistas representavam a figura do judeu como um ser nojento, maldoso e ganancioso, fazendo com que sua imagem fosse vinculada muitas vezes a seres não-humanos, como porcos, ratos e animais em gerais.

 

Leia sobre quem foi Adolf Hitler.

Essa vinculação do nazismo de um inimigo a um ser inumano traz bastante eficácia, pois diminui o desenvolvimento de empatia por parte da população ou da opinião pública. Ou seja, transformar os judeus em animais asquerosos facilitava o apoio da sociedade civil às perseguições empreendidas pela política antissemita nazista.

Propaganda nazista, judeus como ratos: lutar contra figuras inumanas facilita o combate

Essa característica que pode até mesmo ser trabalhada tendo como base a psicologia humana foi transferida também para Hollywood. A ideia de transformar o vilão em uma figura longe da realidade concreta faz com que o público simpatize ainda menos com o personagem, fortalecendo o apoio ao mocinho da trama, por isso sentimos uma aversão ainda maior aos Dementadores – que ignoram qualquer tipo de comparação – ou até mesmo a Voldemort e sua feição tentando fugir de um padrão sem nariz. Talvez nosso ódio a esses vilões fosse menor caso fossem representados como pessoas normais.

O exército de Mordor e a legião de orcs talvez fossem menos odiados caso fossem figuras como Aragorn ou Gandalf. Esses monstros apelam para o nosso interior de maneira a trabalhar com o pavor humano à essa defasagem de comparação dessas figuras com nosso padrão de personagens.

Além dessas obras muito maneiras, encontramos outras, como por exemplo, “Black Mirror” (S03E05) que trabalhou genialmente com essa ideia de desumanizar os inimigos para facilitar o combate no famoso episódio das baratas – “Engenharia Reversa”. Já retomando a parte de História, outros momentos como o Marcarthismo nos EUA da década de 1950 também tentou construir uma perseguição aos comunistas ao retratá-los como figuras surreais.

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