The Witcher e a Idade Média

The Witcher

Jogos, livros e agora série. A saga The Witcher vem conquistando espaço na cultura pop há tempos e, recentemente, ganhou um novo espaço em uma mídia bem difundida entre não apenas os jovens, mas todos aqueles que apreciam séries e filmes de época. Mas enfim, sobre o mundo medieval de The Witcher, o que essa representação nos diz?

Essa pergunta nos remete primeiramente ao século XVIII. Os ares do Iluminismos construíram uma imagem negativa da Idade Média para desmerecer a legitimidade da sociedade estamental e o poder da nobreza europeia. Para defender as “novas luzes” de liberdade política e igualdade jurídica, os iluministas passaram a construir o que um importante historiador medievalista chamado Jacques Le Goff chamou de “Lenda Negra” a respeito do período.

The Witcher

No entanto, o século XIX traria novas realidades a essa imagem construída do período medieval. Com o fortalecimento dos nacionalismos europeus, muitas nações buscaram na Idade Média as raízes de suas civilizações na Idade Média. Os franceses buscaram na história dos francos e do Império Carolíngio o nascimento de sua nação. A corrente literária do Romantismo também contribuiu para a construção de uma medievalidade mais positiva. A partir de então, Le Goff chama atenção para a construção de uma “Lenda Rosa”, ou seja, uma medievalidade idealizada e romantizada da Idade Média.

Essas duas visões passaram então a fazer parte das representações artísticas do ideal de Idade Média. The Witcher não foge desse aspecto. A série e o jogo misturam essas duas “Lendas” na construção artística das histórias. Um mundo rodeado de mistérios, fantasias, magias, honra e fidelidade claramente demonstram esse lado mais “rosa”/romantizado da Idade Média. Por outro lado, um cenário marcado por violência, brutalidade, morte e guerras demonstram um lado mais sombrio desse período medieval.

É claro que a cultura pop tem esse perfil de mais entretenimento, porém também é uma importante ferramenta para disseminação de conhecimento. Por fim, Le Goff termina sua tese falando que a Idade Média não tem que ser enxergada por uma Lenda Negra e nem por uma Lenda Rosa, mas sim de maneira científica que todo estudo historiográfico se propõe a fazer.

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