O primeiro barão negro do Brasil Império

Você já ouviu falar do Barão de Guaraciaba? Francisco Paulo de Almeida foi o primeiro barão negro do Brasil Império. Ele era dono de terras em que se cultivavam café, palácios, estradas de ferro, usina hidrelétrica e dono de centenas de escravos. Sim, ele era negro e ao mesmo tempo dono de escravos. O título de barão foi concedido pela Princesa Isabel.

Sua fortuna estava avaliada em 700 mil contos de réis, o que fazia dele um barão milionário. Filho de um comerciante com uma escrava, nasceu em Minas Gerais no ano de 1826. Acontecimentos de sua infância são desconhecidos até mesmo por pesquisadores.

Na adolescência, começou a trabalhar como ourives, vendendo e fabricando botões e abotoadoras. Aos 15 anos, tornou-se tropeiro, guiando animais entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Durante esse trabalho, ganhou muito dinheiro comprando e vendendo gados, e com isso, acabou conhecendo muitos comerciantes e fazendeiros dessas áreas. Com o dinheiro que conquistou, comprou algumas terras em Valença, interior do Rio de Janeiro, para plantar café.

Francisco Paulo de Almeida, o Barão de Guaraciaba. Fonte: BBC News Brasil – acervo Mônica Destro

Almeida casou com uma moça chamada Brasília Eugênia de Almeida e teve 16 filhos. O pai de Brasília acabou se tornando sócio do jovem e essa sociedade foi muito produtiva, já que o sogro do Barão também era fazendeiro e negociante. Um tempo depois, o pai de Brasília faleceu e o Barão de Guaraciaba assumiu todos os negócios da família. Com isso, comprou mais setes fazendas de café no interior de Minas Gerais e no Vale Paraíba fluminense. Em sua fazenda em Valença, eram mais de 400 mil pés de café e 200 escravos trabalhando para ele.

O historiador Carlos Alberto Dias Ferreira comentou o fato do Barão ser negro e mesmo assim, usar escravos para seu trabalho:

“Não se trata de uma contradição ele ter sido negro e dono de escravos, pois tinha consciência do período em que vivia e precisava de mão de obra para tocar suas fazendas. E a mão de obra disponível era a escrava.”

Uma das fazendas do Barão. Fonte: BBC News Brasil – acervo Mônica Destro

Guaraiacaba se tornou banqueiro e fundou dois bancos em Minas Gerais. Além disso, fez parte da construção da Estrada de Ferro Santa Isabel do Rio Preto, que passavam pelas suas propriedades em Valença. Essa ferrovia foi inaugurada por Dom Pedro II em 1883. Foi assim que o Barão se aproximou da família real e foi nomeado, em 1887, Barão de Guaraciaba pela Princesa. Mesmo com a nomeação, o Barão pagou 750 mil réis para fazer parte da nobreza brasileira.

Mas seus negócios não pararam por aí, Guaraciaba foi o fundador da primeira usina hidrelétrica do país construída em Juiz de Fora e inaugurada em 1889. Mesmo alcançando tudo que alcançou, o Barão entrou para a nobreza na época que foi considerada dos “barões de chocolate”. Nesse critério, entravam todos os componentes da nobreza que possuíam tons de pele diferenciadas do branco caucasiano.

Em 1889, foi proclamada a República do Brasil e Guaraciaba começou a desfazer-se dos bens e terminou sua vida com uma de suas filhas, no Rio de Janeiro, até os 75 anos. O Barão Almeida morreu em 1901.

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