Literatura periférica e seus autores

Literatura periférica

A ideia de marginal, na literatura brasileira, nasce na década de 1970, com a Poesia Marginal ou a Geração do Mimeógrafo, formada por poetas que recusavam qualquer modelo literário e, portanto, que não se inseriam em nenhum deles. Dessa forma, o significado de marginal está ligado a escritores considerados à margem da produção editorial, à subversão do poder acadêmico e linguístico e procurando contemplar as classes desfavorecidas. Destacam-se alguns escritores como Ana Cristina César, Cacaso, Paulo Leminiski, Francisco Alvim e Chacal, em sua maioria vindos da cidade do Rio de Janeiro, de classes média e alta. Mas então, o que é literatura periférica?

 No final da década de 1990, a nomenclatura marginal ganha novos contornos para representar um novo grupo de escritores, agora com berço nas periferias brasileiras, principalmente a de São Paulo, tendo, como temática, a periferia, a cultura hip hop, os problemas sociais, sem ter preocupação com a norma culta. Sendo um manifesto para dar voz a sociedade que vive à margem da sobrevivência, ganhando também a correlação com o nome Literatura Periférica, passou a ser um grito da própria sociedade para o mundo, daquele que lê e também pode ser lido. A seguir, alguns autores que mostraram a voz e a força da periferia.

Carolina Maria de Jesus

Negra, mãe solteira, favelada e primeira representante da literatura periférica. Nasceu em 14 de março de 1914 em Sacramento, Minas Gerais, em uma comunidade rural, filha de pais analfabetos. Autora do Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960 e traduzido em 14 línguas. A obra é uma reunião de cerca de 20 diários seus, com relatos do seu cotidiano na favela. Carolina publicou ainda mais três livros: Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de Fome(1963), Provérbios (1963).

Férrez

Negro, periférico, rapper, crítico e ativista, Ferréz é autor de nove livros, entre eles Os ricos também morrem (2015), Capão Pecado (2000), Manual prático do ódio (2003), Deus foi almoçar (2011) e Ninguém é inocente em São Paulo (2006). Encontrou nos livros e na escrita o melhor meio para denunciar as dificuldades enfrentadas pela população pobre do país, trazendo em suas obras as vivências de um jovem negro morador do Capão Redondo, em São Paulo.

Sérgio Vaz

“Poeta da periferia” e agitador cultural. Escreveu, entre outros, Subindo a ladeira mora a noite (1988); A margem do vento (1991); A poesia dos deuses inferiores (2005); Colecionador de pedras (2007); Literatura, pão e poesia (2011). Criador da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) e um dos criadores do Sarau da Cooperifa — movimento que transformou um bar da periferia da zona sul de São Paulo em um centro cultural. Autor do Projeto Poesia Contra a Violência, que percorre as escolas da periferia incentivando a leitura e criação poética como instrumento de arte e cidadania.

Geovani Martins

Nasceu em Bangu, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, morou nas favelas da Rocinhas e Barreira do Vasco, e agora no Vidigal. Tem 26 anos e já foi entregador de panfletos, ajudante de pintor, garçom e até alugava cadeira na praia. Participou das oficinas da Festa Literária das Periferias  (Flup) em 2013 e 2015. Em 2015 apresentou na FLIP a revista Setor X, que publicava textos seus e de outros escritores de favelas do Rio. Foi convidado a voltar a Paraty em 2017, quando apresentou sua livrou e conseguiu um contrato com a Companhia das Letras para lançar seu primeiro livro, O Sol na Cabeça. A coletânea de contos retrata o cenário e a vivência de personagens que vivem nas favelas do Rio de Janeiro.

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