Há dois anos que estamos esperando por esse momento: a volta de uma das melhores séries que já existiu! Game of Thrones está retornando e para aqueles que curtem História, essa série possui um gostinho mais saboroso de poder visualizar diversas referências dos diretores e dos criadores, principalmente George R. R. Martin, a aspectos que remetem à Idade Média. Por isso, decidimos constar alguns desses pontos que ajudam demaissss a entender o período medieval. Sem spoilers!
Os Reinos
Primeiramente, vale ressaltar que a instituição Reino foi criada durante a Idade Média. O Reino dos Francos, Godos, Ostrogodos surgem nessa transição medieval. No entanto, o modelo dos reinos de Game of Thrones faz referência a uma experiência específica: a formação da Monarquia Feudal. Essa experiência política foi observada apenas na Inglaterra após o século X, em que os senhores feudais se reuniram e elegeram um rei como uma alternativa às diversas crises sociais que a Inglaterra vivia.
Relações de Suserania e Vassalagem
Esse é um dos maiores aspectos da série que fazem referência à Idade Média. As relações de Suserania e Vassalagem pautavam-se em estabelecimento de vínculos políticos entre servos e senhores ou até mesmo entre senhores. Enquanto que cabia ao suserano garantir paz e sobrevivência, o vassalo o devia lealdade em todos os âmbitos. Por exemplo, a série inicia-se com os Stark sendo vassalos dos Baratheons, que ocupavam o Trono de Ferro.
Tradição
Um dos pilares das relações sociais medievais é o peso da tradição. Precisamos entender que eram sociedades muito personalistas, ou seja, o contato pessoa/pessoa era muito mais valorizado. Isso faz com que a tradição de uma família e até mesmo de um reino tenha um valor enorme. Por isso a questão dos símbolos de cada Casa na série, os casamentos arranjados entre famílias e o simbolismo que a figura de um bastardo pode carregar, quebrando essa lógica tradicional, como a figura do Jon Snow. Entendeu o Casamento Vermelho? Quebra de tradição!
O Inverno
Pode parecer sutil, mas para homens e mulheres da Idade Média, o inverno era sim um inimigo. Para essas sociedade rurais, essa estação do ano significava fome, perda de colheita, problemas de saúde, morte etc. A expressão “O inverno está vindo” também denominava perigo para essas pessoas.
As estradas e as viagens
Todos nós acompanhamos a trama da Arya e “O Cão” durante a viagem até o norte. Com o desmonte do Império Romano Ocidental, as estradas e rotas imperiais construídas há tempos foram em sua maioria destruídas pelos povos nórdicos e por diversas batalhas. Isso fez com que a locomoção desses homens e mulheres medievais fosse reduzida e, caso acontecesse, muito perigosa! Assaltos, estupros e assassinatos eram recorrentes nessas viagens devido ao perigo. O indivíduo medieval é regional!
Bronn
Eis um caso específico e muito interessante a ser analisado. Um dos maiores sonhos do personagem é transformar-se em alguém de nome, um nobre. Isso mostra como a sociedade estamental medieval – clero, nobres e plebeus – é extremamente hierarquizada. O status social era uma diferenciação que possuía um valor moral em sua essência.
Bárbaros do Norte
Nem a referência geográfica passa das páginas de Martin. Assim como na série, a Idade Média marca o início das migrações bárbaras (o termo “invasão” é muito controverso entre historiadores) desses povos que estão vindo do norte, um lugar muito frio. Aí se explica as figuras de Ygritte, Mance Rayder e Tormund.
Tormund
No tópico anterior, ressaltamos que o termo “invasão bárbara” é um pouco controverso, pois a migração desses povos vindos do norte também foi marcada por um processo de aculturação e trocas culturais entre os romanos e os germânicos. Nem sempre marcou-se pela batalha, como a figura de Tormund simboliza essa aculturação romana-germânica.
Escamagris
A doença aterrorizante que transforma os humanos em seres assustadores de pedra faz uma clara referência à Peste Negra que assombrou a Europa no século XIV. Assim como na série, a medicina incipiente da época também não conseguia descobrir uma espécie de cura e evitavam o contato físico com os infectados.
Inquisição
Na minha opinião, a melhor referência de Game of Thrones. A Inquisição, representada na série pelo Alto Pardal (uma espécie de Bispo), foi uma instituição criada durante a Idade Média que tinha como objetivo julgar apenas cristãos que possuíssem condutas desvirtuantes da fé católica. Um dos crimes mais comuns, também explorado pela série, era o de sodomia (práticas homo-afetivas).
Paganismo
A figura de Melissandre talvez seja o maior simbolo de manifestações pagãs, que na época eram representações culturais de povos que, em sua maioria, viviam nas florestas e possuíam cultos e adorações muitas vezes vistas como feitiçaria ou demonismo pela Igreja. Toda aquela seita do deus do fogo demonstra bem esse ponto.
Escravidão
Muitos historiadores chegam a afirmar que durante a Idade Média a escravidão, como instituição, desapareceu! E a figura de Daenerys representa exatamente esse ponto de libertar os escravos. Se você parar para perceber, a prática da escravidão não é presente em nenhum outro reino além daqueles libertados pela khaleesi, assim como durante o período medieval.
Magia, dragões e fantasia
Eis um ponto muito interessante. Enquanto o século XVIII resgata a Idade Média como sendo a “Idade das Trevas” – menosprezando todos os avanços científicos e manifestações culturais do período em prol de um modelo de civilização pautado no Iluminismo -, o século XIX é completamente diferente! Alguns autores do século XIX resgatam uma Idade Média repleta de mitos e fantasias, como o próprio Victor Hugo e Tolkien, que foram umas das inspirações de Martin para escrever As Crônicas de Gelo e Fogo.
Agora é só aumentar a expectativa e segurar o choro para acompanhar a última temporada dessa série maravilhosa!
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