Redação Fuvest 2016: Utopia

O primeiro texto do material de apoio da redação Fuvest 2016, dizia:

“UTOPIA (de ou-topia, lugar inexistente ou, segundo outra leitura, de eu-topia, lugar feliz). Thomas More deu esse nome a uma espécie de romance filosófico (1516), no qual relatava as condições de vida em uma ilha imaginária denominada Utopia: nela, teriam sido abolidas a propriedade privada e a intolerância religiosa, entre outros fatores capazes de gerar desarmonia social. Depois disso, esse termo passou a designar não só qualquer texto semelhante, tanto anterior como posterior (como a República de Platão ou a Cidade do Sol de Campanella), mas também qualquer ideal político, social ou religioso que projete uma nova sociedade, feliz e harmônica, diversa da existente. Em sentido negativo, o termo passou também a ser usado para designar projeto de natureza irrealizável, quimera, fantasia.”

Mas você sabe quem foi Thomas More?

Nascido em 7 de fevereiro de 1478, em Londres, Thomas More foi advogado, escritor, membro do parlamento e chanceler do reino de Henrique VIII. Entre os anos de 1510 e 1518, foi vice xerife (antigo cargo de executivo civil) da cidade de Londres e em 1517 entrou para a corte do rei Henrique VIII, se tornando um dos mais confiáveis e efetivos serventes e atuando como secretário, intérprete, diplomata e conselheiro do rei.

Ao mesmo tempo, More também construiu uma grande reputação como estudioso. Ele foi uma das figuras centrais do Humanismo inglês e, ao contrário de outros humanistas, tinha críticas fortes à Reforma Protestante e às ideias de Martinho Lutero. Por volta de 1515, More escreveu “A história de Ricardo III”, considerada a primeira obra-prima da historiografia inglesa.

No ano de 1516, Thomas More publicou a sua obra de maior importância e um de seus utopiamaiores legados: Utopia – uma descrição de uma sociedade ideal, regida pela lei e religião, contrastando com a realidade repleta de conflitos da política da época. O próprio termo “Utopia” surgiu a partir desta obra.

Em 1529, More tornou-se Lorde Chanceler (presidente da Câmara dos Lordes) exatamente quando o rei, Henrique VIII, decidiu pedir o divórcio de Catarina de Aragão. O chanceler anterior, Lorde Wolsey, falhou ao tentar auxiliar o rei no processo. Henrique estava prestes a romper com a Igreja Católica e aderir à reforma. Assim, se nomeou o chefe supremo da Igreja da Inglaterra, fundando a Igreja Anglicana que permitia que Henrique se divorciasse de Catarina. O Lorde Chanceler, que era católico fervoroso, renunciou seu cargo e continuou se posicionando contra o divórcio. Em 1534, o rei o forçou a fazer um juramento contra o papa e aceitando Henrique como o chefe supremo da Igreja Anglicana, porém, More recusou, e assim, no dia 6 de julho de 1535, há exatos 481 anos, foi executado na Torre de Londres.

Assim, é possível analisar que a Fuvest deixou de lado a questão social e optou por um viés muito mais filosófico, o que surpreendeu tanto os candidatos quanto os professores de Língua Portuguesa. Os outros textos de apoio partiam deste de Thomas More e davam visões positivas e negativas da ideia. Com isso, o aluno deveria escolher seu posicionamento sobre as utopias entre: indispensáveis, inúteis ou nocivas.

A redação da Fuvest foi mais uma comprovação do caráter interdisciplinar dos vestibulares. Confira aqui nosso curso de Redação, que conta com aulas ao vivo e discussões de temas interdisciplinarmente. A cada quinze dias, o professor de redação discute, ao vivo, um tema com um professor de outra disciplina. Veja aqui a discussão sobre “a persistência da invisibilidade seletiva no Brasil” entre os professores Raphael Torres (Redação) e Dalton Cunha (História):

 

 

 

 

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