Conflito no Sudão do Sul

O continente africano, desde o processo de descolonização pós-Segunda Guerra Mundial, passa por intermináveis guerras civis que envolvem fatores sociais, políticos, étnicos, religiosos, históricos e econômicos. A mais recente é a do Sudão do Sul, que desde meados de dezembro de 2013 vive um conflito que já levou à morte de milhares de pessoas.

O Sudão do Sul é a mais jovem nação do mundo. Criada oficialmente em 2011 após a realização de um referendo, de lisura duvidosa, feito pela ONU (Organização das Nações Unidas) que decidiu pela divisão do Sudão em dois países.

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Durante vários anos, o Sudão passou por uma sangrenta guerra civil, cujo resultado foram cerca de dois milhões de mortos e três milhões de refugiados. O principal fator foi o fato de o governo da maioria muçulmana tentar impor a Sharia, código de conduta islâmico, à população, o que foi rechaçado pela minoria cristã do sul.

A fim de tentar minimizar o conflito, a ONU enviou forças de paz para o país, que somada à forte presença política-militar dos EUA teve como consequência a  assinatura do Tratado de Naivasha, que em 2005 concedeu autonomia à região sul do Sudão e anos depois à independência.

Nesse complexo cenário, observa-se que por trás da luta religiosa entre muçulmanos e cristãos está a disputa pelas grandes reservas de petróleo do território, localizadas predominantemente na parte sul e exploradas por empresas europeias e chinesas. 75% dessa imprescindível matéria-prima para a sociedade contemporânea ficou no Sudão do Sul, mas as refinarias e a infraestrutura de escoamento estão no Sudão, demando ações conjuntas dos dois países.

Após a criação do novo país, a ONU organizou eleições democráticas. A vitória foi de uma chapa de coalizão formada pelo Presidente Salva Kir e pelo vice Riek Marchar, respectivamente das etnias Dinka e Nuer. A frágil estabilidade política foi rompida em julho, quando o presidente prendeu vários ministros e destituiu o vice-presidente do cargo, acusando-os de orquestrar um golpe de Estado.

Em meados de dezembro de 2013, Riek Machar convocou milicianos, guerrilheiros e soldados de sua etnia para lutar contra o presidente, dando início a um novo capítulo da sangrenta história do país, agravando ainda mais as precárias condições em que vive quase toda a população: 92% das mulheres são analfabetas, 80% não tem acesso à saúde básica e água potável, reflexo do baixo IDH de 0,54.

Em meio a esse cenário de guerra civil, a ONU agiu mais uma vez e resolveu aumentar as forças de paz para 12.500 soldados. Até mesmo um antigo inimigo, Omar Hassan Al-Bashir, o presidente do Sudão, atua para estabilizar o país a fim de que não afete a produção de petróleo, motor econômico da região. Países vizinhos como Quênia e Etiópia também estão envolvidos nas negociações por fim à luta, que pode marcar novamente o continente com um grande extermínio.

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