A Teoria da Seleção Natural formulada por Charles Darwin já foi comprovada pela comunidade científica e, até hoje, é usada para explicar diversas situações. Inclusive, ao longo da nossa história, houveram muitos momentos em que a seleção natural agiu sobre a humanidade. Um acontecimento que serve de exemplo, e que já foi comprovado por vários estudos, foi a peste negra. Vamos entender esse exemplo direito?
Primeiro, o que é a Teoria da Seleção Natural?
Charles Darwin, conhecido como pai da Seleção Natural, era um pesquisador da evolução. Ele se guiou por estudos da geologia, pelas teorias de Malthus e por uma viagem de quase 5 anos a bordo do Beagle, em que pôde aprender sobre a natureza, os seres vivos e seu comportamento. Com base em tudo isso, formulou a Teoria da Seleção Natural.
Essa dizia que algumas características de certos indivíduos poderiam ser mais favoráveis ao ambiente que vivem ou não. Quando elas fossem mais favoráveis, tal indivíduo possui mais chances de sobreviver no ambiente e se reproduzir, repassando a característica favorável para as gerações futuras. Em contrapartida, aqueles que possuem a característica menos favorável não seriam capazes de se adaptar ao meio e morreriam, sem deixar descendentes e diminuindo assim, a frequência de tal característica.
Ou seja, segundo Darwin, o ambiente seleciona os indivíduos mais bem adaptados.
Segundo, o que foi a Peste Negra?
A Peste Negra, também conhecida como Peste Bubónica ou Grande Peste, foi a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia (1343 – 1353). A doença é causada pelo bacilo Yersinia pestis, bactéria de origem chinesa que teria viajado pela rota da seda, tendo como vetor a pulga dos ratos. Chegando ao Mediterrâneo, os ratos se encarregaram de levá-las para os navios, que disseminaram a doença pelos portos em que atracavam. Dessa forma, as precárias condições de higiene e habitação que as cidades e vilas medievais possuíam acabaram contribuindo para com a propagação da doença, haja vista que ofereciam condições para as infestações de ratazanas e pulgas. Depois, em um estágio mais avançado, a doença começou a se propagar por via aérea, por meio de espirros e gotículas.
A peste era chamada de “Negra” porque causava manchas negras na pele das pessoas, fruto das infecções provocadas pelo bacilo. Essa peste também ficou conhecida como bubônica por provocar bubões ou bubos, isto é, inchaços infecciosos no sistema linfático, sobretudo nas regiões das axilas, virilha e pescoço. Além disso, a doença apresentava sintomas como febre de até 41° graus, além de vômitos com a presença de sangue e complicações no pulmão. Para os que tinham problemas pulmonares, a morte era praticamente garantida.
Terceiro, qual a relação entre a Seleção Natural e a Peste Negra?
A Peste Negra conseguiu comprovar a teoria de Darwin na prática. A população europeia ficou mais saudável e longeva (segudo um novo estudo da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, publicado na revista “PLoS ONE”) e o motivo disso seria a Seleção Natural. Segundo a pesquisa, houve uma evolução considerável da saúde e do aumento da expectativa de vida dos descendentes da tragédia (também deve ser levado em conta o aumento dos padrões de vida em decorrência da redução populacional).
Os mais afetados pela epidemia foram idosos e pessoas com a saúde fragilizada, por isso, a seleção natural acabou por moldar os padrões de saúde da população que sobreviveu. A antropóloga Sharon De Witte, da Universidade da Carolina do Sul (EUA), nota que estudos anteriores já haviam determinado que a peste não matava de modo indiscriminado, mas “selecionava” suas vítimas entre as pessoas que já eram mais fracas e de saúde frágil:
“Dado que a mortalidade associada à Peste Negra foi extraordinariamente alta e seletiva, a epidemia medieval pode ter moldado os padrões de saúde e a demografia da população sobrevivente”
A autora ainda conclui: “Os resultados deste estudo indicam que a mortalidade e a taxa de sobrevivência melhoraram nas gerações seguintes à Peste Negra (…). Estes resultados põem em evidência o poder das doenças infecciosas em moldar padrões de saúde e demografia de populações inteiras, tanto no curto quanto no longo prazo”.
Assim, percebe-se que o fator Seleção Natural encontra-se presente em momentos marcantes da história mundial, como a então mostrada pandemia da Peste Negra. Com isso, muitos pesquisadores já conseguem prever que a atual pandemia da COVID-19 também irá promover uma Seleção Natural, só precisaríamos saber sobre a filtragem de quais características.
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